quarta-feira, abril 12, 2006

Soneto da Noite


Pôs-se o Sol, como já na sombra feia
do dia a pouco e pouco a luz desmaia!
E a parda mão da noite, antes que caia,
de grossas nuvens todo o ar semeia.
Apenas já diviso a minha aldeia;
já do cipreste não distingo a faia.
Tudo em silencio está. Só lá na praia
se o homem quebrar as ondas pela areia.
Com a mão na face a vista ao céu levanto
E cheio de mortal melancolia,
nos tristes olhos mal sustento o pranto;
E se ainda algum alívio ter podia
era ver esta noite durar tanto!
Que nunca mais amanhecesse o dia.

Luís Filipe Esteves