sábado, dezembro 15, 2012

Chuva


"A chuva nada mais é que o pranto divino por uma história que um dia já foi algo tão lindo..

A água que molha a terra é como a vida que um dia não foi.

É como o futuro que deixou de ser.

A noite escura e fria abraça os que buscam expiação de seus pecados. Os condenados a vagar solitários num mundo sem esperança e sonhos.

A fina chuva que cai sobre a terra já molhada, tem o dom de lavar a alma e purificar aqueles que a acolhem. Aqueles que necessitam do perdão e os que escolheram trilhar um caminho amargo e sem volta.

A estes, um pesado fardo é destinado. Tristezas e amarguras. Loucuras e desilusões. Angústia e solidão. Seu caminho será penoso. Sua estrada será estreita, escura e cheia de desafios.

Seus dias serão como anos. Seus anos, como séculos. Culpados, nada lhes resta além do julgamento próprio de que são vítimas de seus instintos mais básicos. De terem permitido que sua animalidade se sobrepusesse à sua razão. De serem chamas em meio à palha seca. Fogo que queima sem pensar, que arde sem querer.

Vem então chuva. Vem e apaga essa nuvem de iniquidades e desventuras. Lava a alma destas criaturas. Leva consigo uma parcela dessa culpa, e alivia o fardo. Cada gota que derrama que seja um alívio na alma destes pecadores.

Ainda que serena, ainda que tardia, vem trazer descanso e conforto a corações condenados e aflitos, cujo jugo é terrível e odioso."
Andrey Negro Andrade

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