terça-feira, janeiro 23, 2007

Cuzco, 16 de janeiro de 2007

O Chefe Maurício não melhorou. Provavelmente não iremos embora hoje.

Como eu estava bom das dores no corpo, resolvi explorar mais alguns sítios arqueológicos próximos a Cuzco. Preparei alguns sanduíches, ajeitei a minha mochila, e com a ajuda de Sara (Pablo já estava na aula, e o Chefe resolvera permanecer em casa, chegando a dizer que procuraria um hospital caso a sua condição não melhorasse), tomei uma condução que levou-me até Tambomachay.

Visitei as antigas ruínas e tirei alguams fotos, e logo em seguida dirigi-me ao próximo sítio conhecido como PukaPukara. Também fiz uma breve visita as ruínas (que não são muitas) e parti em direção à Q´enqo, porém não pela estrada, e sim pelas campinas, pastos, colinas e montanhas.

Lindas paisagens é o que não falta a esse lugar.

O meu objetivo principal era encontrar algumas grutas e cavernas e pôr-me a explorá-las, porém tudo o que encontrei foram apenas buracos na rocha.

Após uma longa caminhada, onde subi encostas e montanhas, desci escarpas e pedreiras, finalmente cheguei ao ponto onde já havia passado dias atrás com o Chefe Maurício.

Depois de descansar e apreciar a bela paisagem, pus-me a voltar para o centro de Cuzco. Caminhando, cheguei até a Plaza de Armas.

Encontrei-me com Pablo e Gordito (um amigo de Pablo de Puno). Pouco mais tarde, o Chefe Maurício juntava-se a nós, ainda mal, decidindo-se então a procurar ajuda.

Dirigimo-nos ao hospital, onde Maurício tomou uma injeção e comprou alguns remédios.

Logo em seguida, despedimo-nos de Gordito e fomos embora para a casa de Pablo, a fim do Chefe poder descansar.

Cuzco, 15 de janeiro de 2007


Levantei-me tarde, e tinha o corpo todo dolorido. Não estava nem um pouco motivado a sair de casa, e com o Chefe Maurício ruim (ainda com resfriado, febre e dor de garganta) resolvi também permanecer na casa. Aproveitei para atualizar algumas coisas do diário, tomar um bom banho, e descansar o corpo para que no outro dia estivesse bom.

Como a princípio seria o último dia em que ficaríamos em Cuzco, e conseqüentemente na casa de Pablo, resolvemos permanecer à noite em casa e nosso anfitrião foi buscar uma pizza, como despedida. Fartamo-nos e fomos dormir novamente.

Obs: Graças a Deus meu estômago voltou ao normal. Está tudo bem novamente.

Cuzco, 14 de janeiro de 2007

Dormi até tarde. Levantei por volta das 12:30 e o chefe Maurício havia saído já. Apenas Pablo estava. Pedi a ele então para que pudesse atualizar meu diário na net, no que fui prontamente atendido.

Por volta das 13:30 hs, o chefe ligou no celular de Pablo, pedindo para irmos encontrá-lo na Plaza de Armas. Preferi ficar, pois tinha muito trabalho acumulado, e então Pablo foi sozinho.
Voltou mais tarde, dizendo que perdera-se de Maurício. Por volta das 18:00 hs, cansado do computador, voltei a deitar-me. Levantei novamente às 22:00 hs com bastante fome.

Pus-me então a preparar um sopão para mim, Sara e Pablo. Tentava não preocupar-me com o Chefe, mas até aquela hora, ele não dera uma notícia sequer, o que não era do seu feitio.

Sentamo-nos para comer por volta das 23:00 hs, e então algo realmente divino aconteceu. Decidi fazer a oração em espanhol, para que todos compreendessem, e pedi pelo Chefe Maurício: que ele pudesse dar notícias, que estivesse tudo bem com ele, etc... Uma vez terminada a oração, cerca de 5 a 10 segundos depois (sem exagero, foi extremamente rápido mesmo) ouvíamos algumas batidas na porta, e por detrás dela, o Chefe Maurício, que apenas não havia ligado por estar sem dinheiro para isso, e havia tido um dia normal e sem mais percalços.

Ficamos contentes com a sua chegada, e eu particularmente, extremamente espantado com a pronta resposta de nosso querido Senhor Jesus Cristo.

Para mim, foi como um verdadeiro atestado de que Deus está zelando por nós durante a viagem, de que as oraçoes de toda a nossa família e amigos realmente não tem sido em vão, e de que devemos confiar nEle plenamente, uma vez que Ele é dono de todas as coisas.

Jantamos, Maurício já havia jantado, e eu retirei-me para dormir novamente.

Cuzco, 13 de janeiro de 2007

Acordei tarde, por volta das 12:00 hs. Levantei-me e Pablo e Maurício haviam saído. Pouco mais tarde, retornavam, acompanhados de Joel e Taio, dois brasileiros amigos nossos, que também faziam parte da Delegação Brasileira no IV Jamfra.

Conversamos durante um tempo, e então logo saímos para tentarmos comprar as passagens de trem que levariam-nos até Águas Calientes / Machu Picchu. Encontramos o local fechado, e como o dia seguinte seria domingo, apenas na segunda poderíamos ter alguma resposta.

Às 16:00 hs fomos então até o colégio "The Salle", onde Pablo convocara alguns Rovers (pioneiros) e pioneiros (tropa sênior) para uma reunião extraordinária (uma vez que os grupos estão de férias) apenas por nossa causa.

Fizemos a cerimônia de hasteamento da bandeira de nosso grupo (estavam presentes cerca de 16 a 18 membros do movimento escoteiro).

Mais uma vez fomos abençoados com a proteção divina, pois, durante um jogo em que têm-se que correr e pular sobre um círculo fechado de pessoas, Joel "voou" por sobre o círculo e caiu de cabeça no chão de cimento (quadra). Sua queda poderia tranquilamente ter tido um resultado fatal: contudo, apenas o susto e o rosto um pouco ralado foram o que dela resultaram. Nem ao menos um corte no couro cabeludo ele conseguira. Na hora demos por encerrada a tal brincadeira e partimos para uma nova atividade, assim que constatamos estar tudo ok com Joel.

A reunião encerrou-se por volta das 18, 18:30 hs tendo sido elaboradas atividades tanto da parte do Peru quanto do Brasil.

Saímos então da escola, Joel e Taio conseguiram reservar seus vôos para São Paulo e fomos comer uma pizza. Despedimo-nos e voltamos para a casa de Pablo, uam vez que havíamos combinado com todos de encontrar-nos às 22:30 hs na Plaza de Armas para conhecermos a noite cuzqueña.

Chefe Maurício estava muito mal (gripe, resfriado e dor de garganta) então achou melhor não ir.
Saímos então, eu, Pablo, Joel, Taio e alguns dos que estiveram presentes na reunião logo à tarde. Aqui em Cuzco, os cuzqueños não pagam para visitarem os lugares arqueológicos/históricos/ruínas, mas têm de pagar para entrarem nas discos. Com os estrangeiros, acontece justamente o contrário.

Dançamos bastante, e por volta das 04:30 hs eu e Pablo resolvemos voltar embora, uma vez que estávamos exaustos. Deitamo-nos por volta das 05:00 hs e "desmaiamos" de cansaço.

Decida-se

"O primeiro passo para conseguirmos o que queremos na vida é decidirmos o que queremos."
Ben Stein

Cuzco, 12 de janeiro de 2007

Acordei cedo, uma vez que tínhamos de estar às 09:00 hs na Plaza de Armas em Cuzco, para a excursão que havíamos comprado, a um preço de 18 soles (algo em torno de U$6).

Saímos então, eu, o Chefe Maurício e cerca de mais uns 30 turistas, em direção ao Vale Sagrado dos Incas, uma região fértil e cheia de plantaçoes cercada por grandes montanhas.

Obs: quase não fui junto logo pela manhã, mesmo já tendo pago pelo passeio, uma vez que ainda estava muito mal do estômago. Porém acabei por decidir-me o contrário.

Logo em seguida, fomos visitar a cidade de Pisaq, uma cidade que era extremamente organizada, tendo um setor político, religioso e agrícola entre outros.

Essa era a terceira cidade em importância dentro do império inca: a primeira Cuzco, a segunda Machu Picchu e a terceira, Pisaq.

Após visitar Pisaq, almoçamos. Eu comi apenas um choclo (milho), e tomei uma coca, uma vez que ainda não me sentia bem.

Em seguida, visitamos Ollantaytambo, onde se pode ver grandes celeiros que eram usados para armazenar comida, uma face inca esculpida na montanha logo em frente o templo do Sol.

Nosso próximo destino era Chinchero, o qual me vi impedido novamente de conhecer por conta de meu mal estar intestinal.

Finalmente, após todo o grupo retornar, voltamos para a Plaza de Armas (já por volta das 19:00 hs), encontramos com Pablo e voltamos para a casa a fim de comer e descansar.

Cuzco, 11 de janeiro de 2007

Acordamos cedo, e fomos eu, o Chefe Maurício e Pablo para o centro, passamos em um pequeno mercado para comprarmos coisas para prepararmos lanches e dirigimo-nos caminhando em direção à Saqsaywaman. Pablo foi para a faculdade enquanto prosseguíamos sozinhos. Paramos em uma pequena igrejinha para tirarmos fotos da torre e prosseguirmos na caminhada.
Logo estávamos adentrando nos domínios das antigas ruínas incas, que fica a poucos kms do centro de Cuzco.
Saqsaywaman conta com estruturas megalíticas e passagens por túneis. Um lugar fantástico, por onde conforme se percorre, é impossível não se perguntar como poderia aquele povo ter conseguido construir estruturas tão impressionantes como aquelas.
Paramos para comer e para uma ligeira siesta, e tratamos de seguir percurso, agora em direção às outras ruínas: Q´uenqo.
Também de formatos impressionantes, tivemos a oportunidade de ver uma caverna incrustada na rocha onde eram feitos sacrifícios de animais.
Prosseguimos a nossa caminhada, subindo cada vez mais, até encontrarmos um vale muito belo, com alguns morros, onde podia-se ver de longe pequenas aberturas, entradas de cavernas e paisagens fantásticas. Tivemos que nos abrigar da chuva em uma dessas cavernas, e então procuramos informação de um outro caminho para se voltar, uma vez que o dia já se findava.
Voltamos então, por uma antiga estrada inca, descemos por um bairro, já dentro da cidade de Cuzco e ligamos para o Pablo.
Encontramo-nos com ele, e seguimos caminhando pelo centro, até voltarmos para a sua casa; onde eu, exausto de cansaço, por fim recostei-me em seu sofá e permaneci imóvel, até que, tarde da noite, conseguisse levantar-me e então descansar na cama.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Não temas

"Não há razão para termos medo das sombras. Apenas indicam que em algum lugar próximo brilha a luz."
Ruth Renkel

Cuzco, 10 de janeiro de 2007

Chegamos em Cuzco por volta das 05:00 da manhã e aguardamos até mais tarde para ligar para Juan Pablo, dirigente regional que nos receberia na cidade. Encontramo-nos com ele, e fomos até a sua casa, no distrito de San Jeronimo, onde vive com a sua irmã Sara e recebia a visita de sua mãe que mora em Puno.
Pablo recebeu-nos extremamente bem, assim como Guilmer e Angel. Deixamos nossas coisas em sua casa, logo após tomar um belo desayuno e fomos com o Pablo para o centro, conhecer um pouco da cidade. O Chefe Maurício aproveitou para cortar o cabelo enquanto eu fazia algumas ligaçoes. Depois, foi fazer seus óculos de grau, os quais tinha perdido ainda no Jamfra.
Rodamos mais um pouco o centro, onde acabamos por encontrar um chefe chileno que estava com um grupo de cerca de 11 membros de seu grupo, o Carileufu de Santiago, na cidade. Combinamos um encontro para às 16:00 hs na Plaza de Armas.
Retornamos então à casa de Juan, onde esperava-nos um banquete como almoço, preparado com muito carinho por Sara e sua mãe. Comemos fartamente e voltamos rapidamente para o encontro na Plaza.
Conversamos com os chilenos, trocamos e-mail, e logo tivemos de voltar correndo para nos arrumarmos para a juramentação de Sara como membro da Associação de Arquitetos do Peru. Maurício e eu fomos vestidos com nossos uniformes, a melhor roupa que tínhamos para uma ocasião como esta.
Assistimos a toda a cerimônia, participamos de um pequeno coquetel e saímos para comemorar com a família de Sara e seus padrinhos em uma pizzaria (meu estômago voltara a ficar mal... eu não estava nada bem). Chegando de volta à casa de Pablo, tratei de ir deitar-me e descansar.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Puno, 9 de janeiro de 2007

Acordei muito mal. Minha cabeça e barriga doíam demais. Angel ofereceu-nos 2 pratos, com arroz e uma espécie de refogado de carne com batatas e cebola. Agradecidamente servimo-nos do prato, estranhamente servido logo pela manhã.
Permaneci deitado, uma vez que não me sentia melhor. Quando todos estavam prontos para sair, achei melhor ficar de repouso. Estava com o corpo mole e sem forças.
Deitei-me então e dormi novamente. Acordei mais tarde, quando todos já haviam voltado, e próximo a nossa hora da partida. Nosso ônibus estava marcado para às 20:45, então Guilmer e Angel acompanharam-nos até a rodoviária. Os outros escoteiros já haviam ido embora à cerca de uma hora atrás.
Tomamos o ônibus, e mais uma vez ajeitamo-nos para passar a noite, agora em direção a Cuzco, umbigo do mundo...

Existência de Deus

"Como físico, portanto, como homem que dedicou a sua vida à insípida ciência, à investigação da matéria, estou certo de não dar margens a ser considerado um irresponsável. E assim, após as minhas pesquisas do átomo, posso dizer o seguinte: não existe matéria isoladamente! Toda matéria consiste e se origina somente pela força, que põe em vibração as partículas atómicas, e as coliga nos minúsculos sistemas solares do átomo. Uma vez que em todo o universo não há uma força abstracta inteligente e eterna, devemos consequentemente admitir a existência de um Espírito Inteligentíssimo."
Plank, Max, físico alemão

La Paz, 8 de janeiro de 2007


Levantamos por volta das 06:30 hs, arrumamos todas as nossas coisas, deixamos um bilhete de agradecimento (folder do grupo) e a chave da sede e partimos para a estação rodoviária.

A paisagem que podemos observar ao longo da estrada é simplesmente magnífica. Montanhas e campos verdejantes contrastando com o Lago Titicaca, o lago navegável mais alto do mundo. Na primeira de nossas paradas, observara duas gaivotas fazendo acrobacias em vôo, e é claro, não pude deixar de lembrar-me de nosso querido Fernão Capelo Gaivota.

Chegamos mais tarde a um ponto onde todos tivemos que descer do ônibus para podermos atravessar o Lago Titicaca ao custo de 1,5 Bs (algo em torno de R$ 0,50), em pequenos barcos de madeira com motores de popa.

Uma vez atravessados os ônibus também (estes em grandes balsas de madeira), voltamos a embarcar, e a termos acesso novamente a espetaculares paisagens. Prosseguimos novamente nossa viagem até Copacabana (Bolívia), onde teríamos que esperar duas horas até a chegada do outro ônibus que nos levaria ao nosso destino final.

Porém, um contratempo aguardava-nos: logo da nossa saída de La Paz, uma senhora da empresa de ônibus solicitara a passagem de todos, a fim de tirar uma "cópia". E quando voltara, não devolvera a nossa. Uma vez em Copacabana, a empresa de ônibus afirmava que nossas passagens eram somente até aquele ponto. Pronto! Era só o que faltava! Agora por conta de um canhoto não devolvido teríamos que comprar as nossas passagens até Puno.

Argumentamos com o pessoal da empresa, o que os fez ligar para La Paz a fim de confirmarem o que dizia a segunda via do comprovante da passagem. Uma vez resolvida essa questão tínhamos ainda cerca de uma hora antes do ônibus que levaria-nos partir.

Fomos comer algo e acabamos caindo num restaurante vegetariano mas que também servia carne (vai entender...) e eu acabei por pedir um hambúrguer com bacon e ovo (o local parecia confiável, limpo e tudo o mais, porém creio ter sido nessa refeição em que peguei uma intoxicação alimentar) e por volta das 13:00 hs estávamos de volta para pegar umas vans, que levaram-nos até a fronteira. Regularizamos nosso passaporte (saída da Bolívia e entrada no Peru) e então pegamos outro ônibus, que finalmente levaria-nos até Puno.

Chegamos em Puno por volta das 15:30 a 16:00 hs, e então o Chefe Maurício ligou para o nosso contato naquela cidade, Guilmer. Em alguns minutos, ele chegava na rodoviária para receber-nos e levar-nos para a sua casa, uma construção bem humilde, sem luxos, mas acolhedora e cheia de pessoas muito gentis e boas. Deixamos nossas coisas e seguimos (eu, o Chefe Maurício e Guilmer) ao lago Titicaca. Pegamos um barco, e cerca de 30 minutos depois, chegávamos às ilhas flutuantes, lar de um povo conhecido como Uros.

Nestas ilhas flutuantes vivem famílias que vendem artesanatos, cozinham, e mantém até mesmo pequenso criadores de trutas. As ilhas são feitas com uma espécie de "xaxim" e "palha" seca por cima. Essas plantas, que são cultivadas no próprio rio, possuem uma parte branca que pode ser comida, e com o restante, eles fabricam praticamente todo o restante de suas coisas: suas casas, barcos, móveis e até mesmo as próprias ilhas flutuantes.

Após visitarmos duas ilhas diferentes e observar como aquelas pessoas vivem, voltamos para a casa de Guilmer. Fazia muito frio em Puno naquele momento. Chegando na casa dele, já encontravam-se lá o irmão de Guilmer, Angel, e cerca de 11 escoteiros de Chimbote, todos com pousada na casa de nossos novos amigos.

Eu não me sentia muito bem. Estava com muito frio e cansado. A mãe de Guilmer, gentilmente, percebendo o meu estado, trouxe-me cerca de 3 cobertores, os quais foram essenciais para acabar com o frio. Acabei por adormecer, e por volta das 02:00 hs acordei com uma sede imensa (não sabia onde deixara meu cantil) e uma intensa dor de cabeça. Tentei dormir novamente, mas não era possível: parti então no breu, em busca da minha mochila, onde encontrei água e remédio. Finalmente, consegui dormir mais uma vez.